6 de abr. de 2010

Des Encontro



Seguiu imponente percorrendo os trilhos


Na velocidade que o corpo suportava


Ungido da fé que umedecia os cílios


Atrás, bem atrás é que o orgulho ficava



De repente, faminta, por entre os ladrilhos; uma loba feroz os seus dentes mostrava; apenas defendia o território e os filhos; e por isso, só por isso é que ela rosnava. Girou nos calcanhares, esperto menino; e se embrenhou naquela mata densa; evitou que a loba lhe cravasse o canino; mas não evitou que ao fracasso sua busca fosse propensa.



E desembestou, comum desatino


A batida do coração parecendo mais tensa


Se aproximou do vilarejo pequenino


O nó na garganta denunciando sua presença



Então ele a viu, brilho matutino; desceu-lhe ao estômago a sensação mais intensa; sua voz lhe estrondava com a sutileza de um sino; ela era nele a personificação da doença. Tentou se esconder, mas fora em vão; seus olhos se encontraram com a força da dor; então ela veio em sua direção; nos olhos inda as mágoas de certo rancor.



Ele só queria uma explicação


Ela fora embora antes de o sol se pôr


Ela explicava que em seu coração


Brotava a semente de um novo amor



Ele não se conformava, cega paixão; perdera na hora todo o seu pudor; usou as palavras de baixo calão; transformou em ódio todo o seu calor. E ela chorou o mais triste pranto; choro da ave que abandona o ninho; mas não abandona porque tem outro canto; e sim porque sente da flor um espinho.



(...)



Voltou atordoado, cambaleando tonto


A mente tentando refazer o caminho


E dentro o coração, que outro queria tanto


Encabulado por voltar sozinho




Thuan B. Carvalho

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