19 de mai. de 2011

A vida é Longa em Curtas.






Artesão



Sol a pino

Meu dia eu entalho

e o pássaro azul me cumprimenta do galho.





Translação


O dia acelera

E reduz sem parar

é a terra que gira ou somos nós a girar?





Mãos Atadas


Ciganos na esquina

Cantando bem alto

jamais se extrairá o futuro do asfalto.





Atenção


Um homem, atento, observa

O outro, de longe, debocha

sentimentos diversos enquanto a flor desabrocha.





Papel


Na carta amassada

As letras pululam

e entre os borrões de lágrimas amores se juram.





Tinta Fresca


Em meio a tantas cores

São tantos os sabores

deixa eu me pintar de verde com a aquarela do seu coração?





Prazer


Livros abarrotam

A estante da mente

e no balanço da rede a história se acende.





Palhaços


A lona se ergue

O Circo vai partir

e de longe a criança de pés descalços sorri.





Rotina


Os que trabalham por trabalhar

Entediados, se confundem

enquanto o garoto, deitado, procura imagens na nuvem.





Passarela


Sem saber o que se passa

Sem saber se vai passar

a borboleta amarela desfila ao luar.





Coroa


O casal que se beija

Ao tropeçar numa pedra

sempre haverá o outro lado da moeda.





Agir


Já vai, mas tão cedo!

Quem irá te levar?

- o medo.





Volta.


Levado ao hospital

Com séria enfermidade

é bom e faz mal - saudade.





Até Logo


- te amo; - eu também, do fundo do coração

Os olhos se fecham

e as almas se vão.










Thuan Bigonha de Carvalho.

11 de mai. de 2011

O Medo do Escuro.



A cidade amanhecia como de costume. Num primeiro plano, perto das três da manhã, os galos afetados pela mudança do ambiente rural para o urbano começavam a cantar. Lentamente, com o aproximar das seis horas da manhã, as luzes dos postes já apagadas pelo sol, a cidade ia se levantando com seus habitantes, lançando sua miscelânea de sons, cheiros, sabores e suores ao ar.



O dia transcorria, e não poderia ser diferente, como de costume. Todos são corajosos durante o dia. Pessoas conversam, riem, buzinam, discutem, dizem, são. No entanto, a maioria dessas pessoas era consumida pelo trabalho, e via o dia passar, como veremos agora, num piscar de olhos.



E então, inegável que só ela, surgia a noite. Vale ressaltar que a noite da qual falamos não é uma noite normal. Hoje a noite não tem luar, nem estrelas, somente nuvens cor de chumbo tapando o céu, quase invisíveis, mas extremamente ameaçadoras. Invariavelmente, as luzes dos postes piscavam, fazendo com que a maioria das pessoas, aquela mesma maioria que deixou o dia passar num piscar de olhos, acelerasse o passo em direção à própria casa. É, esse é o medo de escuro.



E de repente ele vinha.



A passos lentos com seus pés tamanho quarenta, aproximadamente, ele vinha quase num arrasto, parecendo que flutuava. O corpo estava ligado por espécies de fios luminosos, e seus braços torneados permaneciam incólumes naquela expressão de puro vigor. Sobre a cabeça, uma coroa que refulgia mesmo na ausência de qualquer luz externa. Os ouvidos mais aguçados do que o de costume, a boca frouxa expressando tranquilidade, o olfato notoriamente dilatado, e os olhos, a fonte de toda aquela luz, abertos numa intensidade inalcançável, parecendo enxergar além das nuvens que acortinavam o infinito. O som que produzia era o de uma espécie de flauta, que saía naturalmente de cada poro de seu corpo. Seus movimentos eram completamente desordenados, uma desordem quase proposital, dando a impressão de que o ser se alinhava ao eterno desalinho. Tudo ali era uma espécie de harmonia contagiosa, e cada pedaço da natureza que rodeava aquele ser fazia-se prisma, refletindo imediatamente aquela luz, e fazendo com que o escuro recuasse cada vez mais... cada vez mais ........cada vez mais ......................cada vez mais...




Pois quem carrega a eternidade consigo jamais conhecerá o medo de escuro, mas fará com que o escuro reconheça seu próprio medo:


A Luz.






Thuan Bigonha de Carvalho

9 de mai. de 2011

parabéns, parabéns.



Existe na vida uma profissão


Que se equipara a um protetor de jardins


Mas nela se usa mais o coração


Do que em qualquer outro labor e afins.




A profissão em questão não se ensina


Nem se aprende durante o caminho


É um dom que carregas, menina


Esse cuidado com todo o teu ninho.




Abrir mão de tua própria vida


É tarefa muito da arriscada


Fazer tua vivência sofrida


Romper flores de uma margarida


Só pra ver os teus filhos na estrada.




Com a filha mais velha, desde cedo


Tens um zelo de se invejar


Portando-te feito um rochedo


Não deixando que ela tenha medo


De viver – pois viver é sonhar.



Para o filho mais novo és o herói


A referência na educação


Saiba que crias bem teu cowboy


E eu sei que é em ti que dói


Quando a saúde dele entra em questão.



Com o do meio tens o maior cuidado


Pois é o filho que não está mais em casa


E mesmo que ele esteja errado


Cuidas sempre de ficar do seu lado


Evitando limitar suas asas.




E então hoje, dia oito de maio


Dia em que finalmente a ficha cai


O dia das mães veio e entrou de soslaio


A gratidão descerá como um raio


E trará você, que já nasceu mãe e pai.






Thuan Bigonha de Carvalho