24 de abr. de 2014

Pecados Capitais: VII - Soberba


"Da soberba só resulta a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria."

Soberba, orgulho, arrogância,
pecas tanto, de forma variada
Mas se enfrentas qualquer discordância
reages d`uma forma: enervada;

Só aos próprios olhos és um douto
gabas inda ser superior,
Jamais anseias auxílio do “outro”
e errar causa teu imenso indispor;

E de na mesma tecla só bater
tua ignorância então fazes valer
em detrimento do que faz sentido,

És superior a ti, enquanto dormes
mas apesar dos saberes enormes
Parece a todos que não tens ouvido.


Thuan Carvalho.
 

22 de abr. de 2014

Pecados Capitais: VI - Preguiça


"Preguiçoso, até quando você vai ficar deitado? Quando vai se levantar? Então o preguiçoso diz: 'Eu vou dormir somente um pouquinho, vou cruzar os braços e descansar mais um pouco'. Mas, enquanto dorme, a pobreza o atacará como um ladrão armado”

Da bíblia a Baudelaire trovada
engancha-te a todos, sem discrição,
Mas dos momentos em que és mais pecada
o pior vem depois da refeição;

Transformas qualquer ânimo em indolência
e a teu arauto dás sempre uma escusa,
Aos varões trazes vã abstinência
e dos desocupados és a musa;

Difícil é resistir ao teu encanto
fácil pois é aguardar enquanto
deitado, vê-se a vida acontecer,

E quanto mais esplêndido é o berço
mais plausível que adies o começo
pra veres o desvelo fenecer.


Thuan Carvalho.

21 de abr. de 2014

Pecados Capitais: V - Inveja


O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos”

Pecado primeiro do vizinho
que célebre comentário não perde,
ao ver por cima de seu cercadinho
que qualquer outra grama tem mais verde;

Por ti vem à tona todo defeito
vendando todo ser quanto à virtude
teu portador está sempre insatisfeito
e viverá na eterna incompletude;

Se “Os Lusíadas” se encerrou contigo
Camões viu pois em ti um inimigo
n`altura do que a Musa antiga canta,

já que ao tornar quem peca insaciável
demonstras teu anseio deplorável
naquele em quem tua falta se alevanta.



Thuan Carvalho.

15 de abr. de 2014

Pecados Capitais: IV - Ira


"...todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus”

Não há ser mais temido
dentre todos que se mira
do que aquele possuído
pelos caprichos da ira,

O ódio em fogo os consome,
o corpo todo estremece,
E a paz passa a ter outro nome
que o irado então desconhece,

Há que se infiltrar, pois, na alma
em busca da fenda, do trauma
que desata em si o rancor,

Ou cairá sempre em desgraça
aquele que a cólera abraça
e passa a aceitar seu louvor.


Thuan Carvalho.

14 de abr. de 2014

Pecados Capitais: III - Luxúria


"Receio que, indo outra vez, o meu Deus me humilhe no meio de vós, e eu venha a chorar por muitos que outrora pecaram e não se arrependeram da impureza, prostituição e lascívia que cometeram"

É, pois, pecado mais original
que o homem é capaz de cometer,
Sucumbindo a qualquer valor carnal
pra se deleitar pelo prazer,

Um só que não resista à tentação
pecou por todo o resto de sua vida,
Carregará a síndrome de Adão
e de Eva a cada nova recaída,

O espírito, se vencido pelo sexo
trará consigo fardo assaz complexo
de nunca mais em si permanecer;

De seus prazeres jamais dará cabo
e viverá a contento do Diabo
pra que teu corpo volte a corromper.


Thuan Carvalho.

11 de abr. de 2014

Pecados Capitais: II - Avareza


“Então lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui."

Ter e mais ter
eis a questão
que extrai do avarento
o bom coração;

É o mundo moderno
traduzido em pecado,
crendo ser mais eterno
o que fica guardado

E se de tua riqueza outro precisa
demonstras que a fez sacerdotiza
e guarda o que a todos vai faltar;

Mal sabes que de todo teu acúmulo
carregarás contigo para o túmulo
apenas a porção da qual negar.


Thuan Carvalho

8 de abr. de 2014

Pecados Capitais: I - Gula


“Não estejas entre os bebedores de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem”

Ah, indelével prazer
o doce, o amargo, não importa,
teu vício atinge todo ser
que se alimenta de fome já morta;

Transmutas em vil desatino
da carne essa necessidade,
és tal qual faminto menino
de olho maior que a vontade;

Mas se acaso repreendida
pela fartura da comida
ficas a te refugiar,

Alegas ser sobremesa
e aproveita-te da crueza
do corpo que irás tragar.


Thuan Carvalho