As profundezas da alma da foca?
Quem me levou embora
O doce gosto amargo da amora?
Qual será a sensação
De ser Sol quando finda o verão?
Quando foi que aconteceu
De a memória esquecer você e eu?
Como é mesmo que fazia
O som que sua risada dormia?
Onde foi parar a textura
Que pintava nossa vida futura?
Qual é o nome do segredo
Que em silêncio te mata de medo?
Como se porta o pardal
Que te encanta do meu varal?
Quem é que é teu por direito
Pra que guardes no fundo do peito?
Quanto vale um dia inteiro
Sem da flor o ínfimo cheiro?
Quando será comemorado
O dia do céu nublado?
Qual o tempo exato do erro
A mão do gatilho ou os olhos no enterro?
Qual o passo certo da dança
Envelhecer ou crescer criança?
Quanto dói encher a vida
De orgulho, egoísmo e ferida?
Qual o gosto do som que faz
Teu demônio ficar em paz?
Que resquício divino te segue
Pra tua cruz não haver quem carregue?
Qual a alcunha promíscua e infame
Que você goza ao gritar meu nome?
Onde é que mora o passado
No choro do adeus ou no abraço apertado?
Por que foi que quando eu disse o que queria
disfarçado de poesia
restou-me a fotografia
e o tom cinza do licor?
(...)
Por que amor?
Thuan Bigonha de Carvalho.