14 de nov. de 2012

Lei do Silêncio

No meu templo
Sempre é tempo
De ser mudo,
Ao orar
Sem dizer nada
Diz-se tudo;

No meu templo
Sempre é tempo
De sorrir,
O meu Deus
É o único modo
De servir;

No meu templo
Sempre há tempo
Para abraços,
Encaixar fé
Encaixar amor
Entre os espaços;

No meu templo
Sempre é tempo
De silenciar,
É com os olhos
Que se exalta
O verbo amar;

No meu tempo
Todo templo
Infelizmente,
Fala muito
Ama pouco
E ainda mente.

[e o fiel
a lamentar
inconformado,
tem o direito
de ficar
calado.]



Thuan B. Carvalho

8 de nov. de 2012

Idade do Tijolo


O homem das cavernas
Olhou pela janela
Do sétimo andar

E ao Deus vermelho
Que cobria o sol
Pôs-se a orar.

O que fazer, pois
Se a idade é da pedra
e o homem também?

A idade do fogo
Já se apagou
Não sobrou ninguém.

[Um poema
talvez tenha nascido
da minha sacada,

Uma pena
Que do cimento
Não nasça nada.]


Thuan Bigonha de Carvalho

4 de nov. de 2012

Estrada entre Vírgulas


A cor do som que faz
Tua alma ficar em paz
Colore minha primavera
E a nuvem - gota de orvalho
Bagunça a imagem que entalho
Da vida que não me espera.

O vento sobre o cabelo
Sussurra sem qualquer zelo
Segredos do fim de tarde
Desnuda meu céu inteiro
Acende, tal qual braseiro
E em mim vira tempestade.

E a Lua, de sobressalto
Pergunta-me lá do alto
"Que vida queres viver? -
Ser rei de todo esse mundo
Almejar o poder a fundo
Ou basta sentir prazer?"