15 de jun. de 2014

Infânsia

Se ouço ao longe o canto do galo
ou sinto por perto o cheiro do verde
meus olhos se fecham como que num estalo
e vem a memória matar minha sede,

Sede dos dias que tinham mais horas
sede das coisas pulsando paixão
de me pintar no rubro das amoras
me transfigurar feito camaleão,

Desculpe, seu galo, a ignorância
mas se você canta e eu me lembro da infância
tomo o galinheiro que outrora era seu,

Subo em seu poleiro e estufo a garganta
porque no poleiro da infância quem canta
sou eu.


Thuan Carvalho.

4 comentários:

  1. o poleiro era do galo, o poema era seu.

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  2. Ler tua poesia tão linda Thuan, deu-me saudade dos meus lugares preferidos para sonhar de olhos abertos, dos lugares onde sinto que só ali é minha casa, minha proteção, meu universo...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Estou me deliciando! Sinto que nossas escritas se assemelham! rss

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