10 de fev. de 2011

Você acredita?


- Pronto general, vencemos! Agora voltaremos em paz para nossa terra, vitoriosos, ao braço de nossa família! - proferiu entusiasmado o soldado.


- Errado, soldado. Estamos apenas começando. Vencemos essa batalha, mas pelo visto teremos outras pela frente. - retrucou sorridente o general, tocando o leme do navio em que estavam.


- Mas general. Já conseguimos o que queríamos. Só haverá mais guerra se quisermos. E sobre o discurso de paz? - indagou o soldado, contrariado.


- Bom, foi realmente um discurso motivante. Eu quase acreditei nas minhas palavras. Mas responda, soldado. Intimamente: você acreditou? Você realmente acredita na paz? Acredita que algum dia pararemos de guerrear, pararemos de querer um pouco mais, deixaremos que a humildade freie a ganância? OLHE PARA MIM, SOLDADO! Você se imagina num mundo alegre, onde as pessoas se cumprimentam, onde a tristeza é passageira, onde não existe a guerra e a paz reina? ESSE MUNDO NÃO EXISTE, SOLDADO! Agora responda, RESPONDA! O que importa mais, uma condecoração momentânea, um sopro de poder sobre seus ombros, ou a paz? O príncipe nos receberá com festa, o mundo inteiro saberá nosso nome. Somos os homens que sobreviveram. E nas próximas guerras, todos nos temerão. Continuaremos essa guerra para sempre, tomando, quem sabe, todas as terras do mundo! Será uma guerra contra o mundo! É assim que funciona a mente de um general. Por isso você é soldado e não eu. Eu penso alto. Eu sei lidar com momentos de vitória e derrota. Então reflita, soldado. Reflita bastante, e responda: VOCÊ OUSA ACREDITAR NA PAZ?


Mas o soldado já havia refletido.


Retirou tranqüilo uma granada que sobrara de seu colete, e ergueu-a no ar. Retirou o pino como se aquilo fosse a coisa mais calma do mundo; e, antes de soltá-la sobre o navio e destruir tudo e todos os que haviam restado da guerra, sussurrou:


- Sim, eu acredito.



Thuan B. Carvalho

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