13 de set. de 2010

Prólogo da Guerra



Os sinos já badalam, chega a hora

De provar para os antigos a coragem

E aqueles que o medo da morte já devora

E aqueles cujo peito ainda chora

São a morte anunciando sua passagem




Flechas pintam o céu negro de vermelho

Silvando pontiagudas entre os ossos

E olhar para a frente é olhar num espelho

Em cada olhar a sombra firme de um guerreiro

No duelo contumaz daqueles povos




Os cavalos, amedrontados, relinchando

A cada ferida um grito de cortar

E devagar os cavaleiros se desmontando

A lança em punhos, a voz sempre bradando

A magia da batalha está no ar.

As mulheres, em suas casas, a rezar

Vão sentindo o coração se apertando

E o máximo que podem fazer é esperar

Ouvindo a morte em seus ouvidos sussurrar

Ao ver o fogo da batalha se apagando




Nada mais resta, além de corpos no chão

E o sino que ainda badala lentamente.

Aos guerreiros heróicos, o perdão

Quem restou os esfaqueia o coração

Concedendo-lhes uma morte mais decente

O povo vitorioso ergue sua bandeira

O orgulho invadindo os corações

Mas já receia outro ataque na fronteira

E vai fechando suas portas de madeira

Recarregando de flechas seus arpões




E a morte, que nada tem com aquilo

Vai colhendo os cacos da matança

Esperta, esgueira feito esquilo

Fria, pesa os corpos: quilo a quilo

Faz da guerra brincadeira de criança.



~ Thuan B. Carvalho

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