O mundo é uma caixa de surpresas, Maria,
e hoje seremos escritos
pela impiedosa pena da poesia,
A água há de nos beber a fronte
insaciável; e então
nossos traços serão linhas do horizonte.
De tanto bater cabeças
o fogo nos acenderá
e assim, glutão, há de nos ver queimar,
A terra, quente e macia
se enterrará em nós
e de ventar seremos grãos a sós.
Seremos, incontestáveis,
melhores amigos do homem
pois que pra ser assim só sendo avesso,
Os pássaros nos alimentarão
se acaso em assobio chamem
e isso, ó Maria, é só o começo!
Prender-nos-ão numa gaiola
[pra que cantemos, não se esqueça]
famílias e famílias de canários,
enquanto árvores navalham
de nosso tronco até a cabeça
a sorte de seus corações involuntários.
Thuan Carvalho.
Lindo! Lembrei desse texto aqui: http://tertuliapaodequeijo.blogspot.com.br/2014/03/para-maria-da-graca.html
ResponderExcluir:)
que lindo
ResponderExcluirGosto da musicalidade e das rimas sutis... Gostoso de se ler e de se sentir!
ResponderExcluirBelíssimo teu escrito, inspirador...
ResponderExcluirHoje em dia, sentimo-nos livres e protegidos nas gaiolas que criamos sem perceber...