Na maioria das vezes não é escolha
Nem se trata simplesmente de opção
A poesia surge do nada - feito bolha
Que se sopra daquela “água com sabão”
E dali para frente pronto: é poeta
Com os conhecidos ônus da profissão
Incluindo o principal, que acarreta
A proximidade entre aquele e a solidão
Resta somente aprender a separar
E se apossar da solidão na hora certa
Naquela máxima de “dividir pra conquistar”
Sendo hora sol, hora lua, hora mar
Sem deixar a pobre alma inquieta
É aqui que me procuro e não me acho
E confesso até que às vezes choro baixo
Na ânsia trôpega de conseguir me rotular
Pois se o poeta é - fêmea e macho - união
Entre a vazia madrugada e a solidão
Como é que eu poderia me encontrar?
E esse medo de permanecer indefinido
Cogitando poeta nunca eu ter sido
Fez-me caçar o meu lugar a existir
E após breves delongas, o consentimento
Sou “meio-poeta”, e eis aqui o fundamento -
Tenho as palavras mas não tenho O sentimento.
- Thuan B. Carvalho
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